Episode 213: No Accounting for Taste in Comics - a podcast by Eliaquim Sousa

from 2023-03-04T02:02:52

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The gesture I talked about is even part of our vocabulary in Brazilian Sign Language! See it here: https://www.youtube.com/watch?v=2MGv7XNheJc


And here is the monologue for your benefit:


Sou novato na empresa e não me meto em negócio de ninguém. Como dizemos lá de onde eu venho, “gente de fora não ronca.” Mas parece que aqui ninguém sabe o que é respeitar a privacidade dos outros e retribuir o respeito – vasculharam minhas gavetas e descobriram minha coleção de gibis que trago para o trabalho.


Primeiro, o Almir, meu chefe, me questionou se eu estava lendo as revistas na surdina e descuidandodo trabalho. Eu refutei, claro. Não ia cometer um desatino desses, ainda mais sendo novato. Ele acreditou – afinal, ele não ia ficar procurando chifre em cabeça de cavalo. E meu trabalho seguia no mesmo passo de antes...


E eu não lia mesmo na hora do trabalho. Lia no intervalo. Mas, é... lia escondido, sim.


Veja só o meu lado. Gosto de ler revistinhas em quadrinhos. Todas essas populares e outras menos conhecidas. As pessoas pensam que adulto que lê revistinha é tudo xucro, que não tem alcance mental para coisas mais sofisticadas, e que a qualidade dessas revistas é sofrível. Na verdade, são obras de arte, mas nem todo mundo consegue atinarque histórias em quadrinhos podem ser tão complexas como aqueles tijolosempoeirados de biblioteca cheios de frases pomposas. O enredo é intrincadoe nem sempre é possível elucidar a trama antes da última página. É um desafio mental.


Porém, nada disso servia de nada, porque, quando meus colegas descobriram, começaram a fazer troça de mim. Ficavam dizendo que era livrinho de “quiança” e depois ficavam fazendo “gugu-dadá”. O primeiro ímpeto foi de dizer cobras e lagartospara eles, mas deixa estar. O que é deles está guardado.


Posso ter pouco tempo aqui, mas já sei os podres de cada um. O José vive se queixando de prisão de ventre, mas não sai do banheiro. Aliás, dava até para pensar que ele trabalhasse no toalete. A Carla finge que trabalha, mas outro dia peguei ela no pulo – estava jogando Candy Crush na outra aba e não conseguiu disfarçarquando passei perto do computador dela. E o Nelson – aquele mão-leve vai montar uma loja de materiais escritório com o tanto de papel e caneta que ele furtadaqui.


Mas não vou gastar saliva à toa. Já dei o recado de que eu sei da mamata que está rolando e que, se o chefe me perguntar, eu não vou me fazer de rogado. Se achavam que eu ia esmorecersó porque eles têm essas ideias preconcebidas sobre minhas revistas, eles cometeram um engano federal. Vou sempre manter aceso o gosto pelos quadrinhos.



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