Episode 236: A Stingy Uncle - a podcast by Eliaquim Sousa

from 2023-10-16T21:53:50

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And here is the monologue for your benefit!


Pelo que me contavam, minha avó era uma pessoa frugal. E como dizem que “filho de peixe, peixinho é”, era de se esperar que a cria dela saísse tal qual a forma. E em parte, saiu sim.


Tem o caso da minha mãe e do meu tio.


Minha mãe sempre foi gastadeira, mas ela também tinha sorte porque ganhava dinheiro muito rápido. Ela se virava como podia e, graças a Deus, nunca faltou nada na nossa mesa.


Já na mesa do meu tio... faltava, mas não era por carência não. Era por avareza.


Meu tio era tão econômico que, se você lhe desse um punhado de sabão em pó e pedisse que ele mergulhasse no mar, o sabão em pó saía seco.


Na casa de meu tio, a televisão ainda é daquelas de tubo. Ele a comprou no final da década de 1990. Toda vida que a TV dava defeito, ele ia lá e fazia algum conserto. Até que a TV virou um Frankenstein: era parte de um, pedaço de outro... mesmo quando tiraram o sinal analógico de circulação, meu tio disse que não ia trocar de TV. Comprou um adaptador de segunda mão. A recepção era horrível e o sinal só pegava uma vez perdida. Mas quando pega, ele sorri triunfante e diz: “viu? Ela ainda tá novinha em folha”.


Quanto ao carro que ele dirige, é uma lata velha da qual ele não abre mão. É possível saber que meu tio vem chegando de carro a uns quinhentos metros, porque o motor daquela velharia solta cada papoco que é de pensar que é um tiroteio. Um carro popular não é nem quinze mil reais, mas meu tio é tão apegado ao dinheiro dele que, se lhe oferecessem um veículo por um real, ele ainda pedia desconto.


Além disso, meu tio tem outros hábitos deploráveis.


Uma vez fui lavar as mãos no lavabo da casa dele e percebi que o sabonete era todo coloridinho. Achei engraçado, mas quando fui examinar, vi que eram vários restos de sabonetes grudados uns nos outros. Senti repulsa. Lavei minha mão só com água mesmo. Sabe lá onde aqueles sabonetes tinham andado?


No banheiro dele tem um balde. Quando uma visita vai tomar banho, ele grita do lado de fora do banheiro: “tome banho em cima do balde e use a água para a descarga!” Diz ele que era por que a descarga estava defeituosa, mas a verdade era que ele era muito sovina e queria reaproveitar a água.


Mas o auge foi mesmo no Natal do ano passado. Ele convidou todo mundo para a ceia de Natal na casa dele. No convite, ele disse que cada convidado trouxesse um prato feito e talheres e um rolo de papel higiênico. Disse que era por educação, porque com a fartura de comida que esperava ter, muito provavelmente o banheiro seria usado com frequência. E dado que os mercados perto de sua casa não tinham mais papel, era bom levar.


Depois da festa, o filho da mãe estocou papel para durar um ano.


É por essas e outras que não gosto do meu tio, mas tenho de admitir – a estratégia dele parece dar certo. Minha mãe só tem uma casa e olhe lá. Meu tio? Quarenta casas, e ainda empresta dinheiro a juros.



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