Colher de MEL # 21: Logica, de rejeitado a potencia. - a podcast by Movimento de Juventudes e Espiritualidades Libertadoras

from 2020-10-04T06:00

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Olá minha gente.


Eu sou Daniel Souza, atualmente moro em São Paulo e frequento uma paroquia da igreja Anglicana e venho de uma formação de espiritualidade radicalmente ecumênica.


O desafio nosso hoje, é pensar o evangelho de Mt 21, 33-43. 


O evangelho de Mateus tem como território a Galileia, esse espaço de desigualdade profunda. Além disso o evangelho precisa lidar com os conflitos internos dessa comunidade judaico-cristã, e superar a marca, a logica de uma comunidade centrada na exclusão. 


Como isso aparece no texto? Na oposição ao imaginário do reino de Deus. 


Se há uma tensão para a exclusão, o reino de Deus como elemento central do evangelho, nos ensaia para uma outra vida, em que a ética de Jesus é o critério. Por isso, nosso desafio é prosseguir esse modo de vida de Jesus, que não esta ligado a exclusão econômica, e nem as logicas de poder e conflito, mas numa concepção de justiça, que se opõe a esse imaginário imperial.


O cap 21 é decisivo nesse ponto, se a gente pensa a sequencia dele: Jesus entra em Jerusalém, vai ao templo, expulsa os mercadores, aparece o relato da figueira estéril, depois o dialogo do batismo de João e chegamos no texto da vinha.


Aqui está a marca desse poder, violência e exclusão: Os servos que vão a vinha são assassinados, depois o filho é assassinado, qual a potencia desse texto? Qual a marca desse texto?


Quem deveria cuidar da vinha, provoca a morte.


A logica da exclusão e da morte aparecem aqui. Mas quem é que morre? Quem são esses servos? A no imaginário da comunidade de Mateus os profetas, os profetas que se opuseram as logicas mais imperiais, e depois o filho, que é uma alusão a Jesus, morto pelo império e suas alianças politico religiosas. 


Mas qual a potencia de novo, qual a potencia desse texto? Se encerrar na morte? Não !!!! O evangelho tem uma espiritualidade da vida em que a morte não tem a ultima palavra, neste sentido há nesse corpo rejeitado uma pedra angular, como diz o evangelho, há uma força fraca em que o rejeitado é a potencia.


Há tantos exemplos que nos podemos dar sobre isso, me vem muito o George Floyd nos estados Unidos. Assassinado pela policia, numa atitude racista do Estado, no entanto mesmo diante desse lugar da morte há um sonho, um imaginário de uma outra vida, que supere a logica de uma estrutura racista de mundo. Assim é o reino de Deus, que não está na logica da exclusão, mas nos faz imaginar um outro povo, uma outra multidão, uma outra forma de vida. Em que a lei não é o lugar para excluir, nem para matar. 


Aqui aparece a centralidade da justiça e do reino de Deus que, baseado em Jesus nos leva para sonhar outras possibilidades de relação e de construção comunitária que traz para nos não a chave da exclusão, mas a chave da acolhida e da defesa das pequeninas e dos pequeninos.



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