#141 Histórias do Rádio 5: Walter Silva e o Picape do Picapau - a podcast by Peças Raras

from 2021-10-06T14:00

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No 5º episódio da série "Histórias do Rádio", reproduzo entrevista feita há 10 anos, sobre uma das atrações de maior audiência do rádio no Brasil, em todos os tempos. 


O Picape do Picapau


A Bandeirantes de São Paulo foi uma das primeiras emissoras a se preocupar com o rádio de estúdio, com criatividade, na década de 50, logo após o surgimento da TV. Não era apenas “vamos ouvir” e “acabamos de ouvir”. Havia críticas, comentários, ligações telefônicas, reportagens. Era um rádio vivo, atraente, que prendia o ouvinte. Feito por gente inteligente. Sem apelações. "Na época, a relação com as gravadoras era saudável, amistosa. Elas não se atreviam a impor algo", dizia Walter Silva. Os Disc-jóqueis tinham liberdade para elogiar ou criticar os discos perante os divulgadores.



Desse período, os dois programas de maior audiência, em todo o Brasil, foram Telefone Pedindo Bis e O Picape do Picapau .



Ouça nesta edição, entrevista exclusiva com Déa Silva (produtora e companheira de décadas de Walter Silva) e trechos raros do programa, cedidos por ela.


O Picape veio com uma proposta nova. Tocando de Paul Anka e Neil Sedaka a Os Cariocas e João Gilberto. Aliás, ninguém tocava João Gilberto. Walter Silva era advertido por comunicados pela direção da rádio. Continuava tocando e acreditando. As outras emissoras ainda davam espaço a Ângela Maria, Nelson Gonçalves... Walter Silva não aceitava isso. Destacava poesia de Neruda. Um programa que falava com o povão com poesia de Neruda! E com uma audiência incrível.



Walter queria ensinar o povo a distinguir boa música, a ter bom gosto. Quando tocava sertanejo, era Tristeza do Jeca. Tocava de tudo. Uma vez, chegou para o discotecário Zé Carlos Romero e perguntou onde ficava o casulo de música francesa. Encontrou um tal de Charles Aznavour. Um cantor que havia sido lançado há 3 anos na Europa e ninguém conhecia aqui no Brasil. Estourou. Walter Silva recebeu carta de agradecimento do artista, que depois veio ao Brasil em função do episódio.



Além de tocar música, falava... chegou a receber carta de Matin Luther King pela defesa que fazia da causa dos negros, na Bandeirantes. Falava, sem papas na língua. Era difícil, briguento, encrenqueiro, criador de casos, mas era respeitado e seguido por todos os radialistas, sendo referência como DJ.



Lançou sucessos como Oh, Carol, com Neil Sedaka e Dianna, com Paul Anka; também foi responsável pelo êxito de Chega de Saudade, na voz de João Gilberto.



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