87 - A diferença entre ondas do Brasil e do mundo - a podcast by Flamboiar

from 2020-10-29T17:08:30

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Quando certa manhã Raphael Tognini acordou de sonhos californianos, encontrou-se no pico de sempre metamorfoseando num surfista insatisfeito. Quando viu, era a própria figura do desgosto mirando um mar mexido no quintal de casa, almejando ter nascido em Malibu. Peru já servia.

O saudosismo de surfar ondas mais fáceis, traduzido em um discreto retrogosto de tristeza, foi dividido com Junior Faria e Carolina Bridi. E não poderia dar outra. Virou episódio do Surf de Mesa.

O que Rapha, assim como todo surfista, talvez esteja sentindo falta, é daquele previsível fator piscinesco. Os prazeres proporcionados por uma onda quebrando clássica, levantando da mesma forma, no mesmo lugar, e se desenvolvendo com o mesmo comportamento série após série. Ignorantemente idealizando: uma máquina natural. Em um resumo viável da realidade: ondas de point break e classe internacional. Sem arrebentação, fácil de entrar, abrindo e quebrando sempre no mesmo lugar.

Convenhamos que isso também pode ser um compreensível reflexo do momento em que vivemos, onde viagens internacionais se tornaram, além de pouco recomendadas, também um tanto mais salgadas. Algo que atinge diretamente a cultura onde o surf se desenvolveu, da viagem, de um mundo sem fronteiras, de sair sempre em busca de melhores ondas. Estamos falando das surf trips, praticamente um rito de passagem para qualquer surfista. Uma espécie de afirmação como surfista. O que, de certa forma, faz sentido, principalmente para o surfista brasileiro. Afinal, o que se evolui surfando um point break durante cinco ou seis dias dificilmente se evolui em um período bem mais longo no Brasil.

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